HISTORIA DO SUPER NINTENDO
Artigo por : Alucard
A história da Nintendo é mais velha do que muitos imaginam. Tudo começou em 1889, quando Fusajiro Yamauchi fundou então a Nintendo Koppai, uma fabricante de baralhos situada em Kyoto. Os baralhos em questão são conhecidos como Hanafuda,
que consiste de 48 cartas diferentes. São 12 conjuntos de 4 cartas
cada. Cada conjunto representa um mês do ano e a flor que floresce nessa
época. Cada carta é ilustrada com a flor do conjunto e pode, também,
conter outros elementos como objetos, animais ou humanos. Yamauchi
conseguiu algum êxito e dinheiro, vendendo seus baralhos em lojas da
Nintendo em Kyoto e Osaka. Seu baralho fazia tanto sucesso que até
membros da Yakuza (a máfia japonesa) usavam para jogar em seus encontros
e jogos de apostas. Com a demanda crescendo, Yamauchi contratou um
pessoal para ajudá-lo a produzir o baralho em larga escala, tornando
então o "poderoso chefão" do Hanafuda.
E assim a popularidade da
Nintendo Koppai foi crescendo, assim como os negócios. Já nos anos de
1900, a empresa já contava com parcerias de
outras companhias para vender o seu baralho. Nesta época, Nintendo
Koppai tornou-se a primeira empresa a produzir e distribuir baralhos
ocidentais no Japão (só lembrando que naquela época o Japão era bem
conservador e não admitia produtos estrangeiros em seu país, inclusive
baralhos). Em 1929 Fusajiro Yamauchi, já podre de rico, aposentou-se, e
deixou então para o seu "ciccerone" (esse negócio de máfia pega, rs) Sekiryo Yamauchi, que é na verdade seu genro, a maior empresa de baralhos do Japão.
Sekiryo
ficou 20 anos no poder da empresa, sendo reconhecido como um bom líder e
empresário. Em 1949 foi a sua vez de se aposentar, deixando o lugar
para o seu filho, Hiroshi Yamauchi, porém, diferente de seu pai,
ele não era bem visto pelos empregados, que diziam ser ele arrogante,
imprevisível e bastante temperamental. Mas graças a ele e ao seu comando
de mãos de ferro, a Nintendo é hoje uma das maiores na indústria de
games. Ele se aposentou em 2002 e recusou a aposentadoria de 9 milhões achando que a empresa iria fazer melhor uso com o dinheiro.
Nos 10 anos seguintes Hiroshi fez diversas mudanças. Mudou o nome da empresa para Nintendo Karuta Co. Ltd., mudou a empresa base de edifício e começou a produção de baralhos plastificados.
Em 1959 Hiroshi fechou um acordo com Walt Disney
para a produção de baralhos com os famosos personagens americanos, com
resultados satisfatórios. Em 1963 Hiroshi então mudou o nome da empresa
novamente, para Nintendo Co. Ltd, nome esse que continua nos dias de hoje.
Uma das razões para a
mudança de nome era para que ele pudesse expandir o ramo de produtos da
empresa para além dos baralhos, que estavam sendo feitos há mais de 70
anos. Alguns desses novos "produtos" eram bastante diferentes do que o
fundador original havia imaginado.
Hiroshi
então montou o que podemos chamar de … "love hotel"… quartos eram
alugados por hora, para fazerem vocês sabem o que…é, quem diria, a
conservadora Nintendo já serviu de Motel!!! (curiosamente esses "Love
Hotel" parece ser uma rede bem popular lá no Japão, não sendo um nome
exclusivo da Nintendo). E é claro que o próprio Hiroshi tirava proveito
indo visitar seu love hotel algumas vezes (claro que era apenas para
supervisionar seu negócio ), o que não deixou sua esposa muito feliz, não concordando com o empreendimento.
Além
do hotel, ele também criou uma firma de táxi, que até durou por um
tempo, mas em alguns anos a Nintendo começou a perder verdinhas quando
poderosos sindicatos de taxistas aumentaram seus salários.
Hiroshi fechou a companhia de táxi e pouco depois fechou as portas do seu love hotel.
Após suas tentativas
frustradas em se aventurar em outros negócios, Hiroshi criou em 1964 o
primeiro centro de pesquisas e desenvolvimento da Nintendo, batizada
simplesmente de "Games", que eram brinquedos para crianças, nada a ver
com games eletrônicos. Isso até chegar um jovem empregado chamado Gunpei Yokoi (apenas a mente por trás do primeiro Game Boy e de jogos como Metroid, Donkey Kong e Super Mario, juntamente com Shigeru Miyamoto, outra lenda no mundo dos games). Yokoi começou a bolar brinquedos inovadores que faziam sucesso, como a Ultra Hand, Ultra Machine, Love Tester (huuummm) e Ultra Scope. A Nintendo então fechou um acordo com a Sharp Eletronics para usar a sua tecnologia de sensor óptico em alguns de seus brinquedos, e assim nasceram jogos de pistolas com sensores.
O departamento de
brinquedos da Nintendo rapidamente floresceu, com Gunpei Yokoi na
liderança na fabricação dos brinquedos eletrônicos, inclusive na
fabricação de arcades com as pistolas de sensor. Na metade dos anos 70,
Nintendo passou pro problemas financeiros por causa de crises no Japão.
Querendo manter o recente sucesso da Nintendo na área de entretenimento,
Yamauchi resolveu entrar em um acordo com a Magnavox para a distribuição do videogame Oddysey
em solo japonês. O Oddysey vendia bem, mas a Nintendo tinha planos mas
ambiciosos em mente. Contratando membros da Sharp Eletronics e com
Gunpei Yokoi, Nintendo resolveu ela mesmo entrar no negócio de
videogames. Criaram alguns arcades, que fizeram algum sucesso, mas que
não eram páreo contra Space Invaders da Taito ou Pac-Man e Galaga da Namco.
Nintendo domina o mundo
Final dos anos 70 e início dos 80, o mercado mundial, principalmente o americano, era dominado pela Atari
e videogames similares, uma febre mundial. A coisa foi tão boa que
havia milhares de jogos, a maioria ruins, no mercado consumidor. Isso
espantou as pessoas levando ao famoso "crash dos videogames", em
1984, que quebrou quase todas as empresas da área, inclusive a Atari. É
como se uma bomba nuclear tivesse devastado a indústria de videogames.
Porém, do outro lado do mundo, em 1983, quase 100 anos depois de sua criação, a Nintendo lançaria o "Family Computer" ou simplesmente "Famicom" (o Nes 8 bits). Suas especificações técnicas deixavam as dos adversários (principalmente a Atari) no "chinelo".
As vendas no Japão iam bem, até a data do "crash" já havia sido
vendidas 2,5 milhões de unidades somente no Japão. Pipocavam as empresas
que queriam desenvolver jogos para o sistema.
o Famicom não era nada bonito
Instalada nos EUA em 1981, a Nintendo of America
resolveu lançar o seu vitorioso Famicom nas terras do tio Sam. Mas no
início ele não foi bem aceito, pois as pessoas ainda estavam temerosos
pelo crash de 1984. A Nintendo teve um duro trabalho para convencer os
lojistas a venderem seu produto. Ele foi mostrado pela primeira vez na Consumer Eletronics Show de 84, com um visual nada bonito e cheio de parafernálias. O público não gostou.
Na CES do ano seguinte o aparelho retornou, agora totalmente reformulado e com o nome de Nintendo Entertainment System (sistema
de entretenimento? Playstation?) e a aceitação foi melhor. Após gastar a
sola do sapato para convencer as lojas a venderem o Nes, o videogame
acabou sendo um sucesso, e os EUA foi o país em que mais se vendeu o
console.
Nintendo e suas formas quadradas
Em 1984, uma respeitável empresa de arcades resolve peitar o monopólio da Nintendo. Surgia a Sega no mercado de videogames caseiros com o seu Master System. Apesar de tecnicamente superior ao Nes, o Master não teve vida longa nos EUA e Japão, porém fez estrondoso sucesso na Europa e na América do Sul (nesses lugares o Master System era bem mais popular que o Nes). Mas não o bastante para ameaçar o império da Big N.
No final de 1988 a Sega mostra as garras e lança então o poderoso Mega Drive,
o primeiro videogame de 16 Bits: um visual bonito e arrojado, controles
anatômicos perfeitos, impressionando a todos com jogos sofisticados e
compatíveis com os arcades da época. Curiosamente, o Japão foi o único
lugar em que o Mega Drive não emplacou. Mas nos EUA e no resto do mundo
ele conheceu a glória no início dos anos 90. Lançado nos EUA com o nome
de Genesis, ele rapidamente caiu no gosto dos americanos. Fez muito sucesso também na Europa e na América do Sul, repetindo sucesso do Master System nesses continentes. Aqui no Brasil, representado pela Tec Toy, foi dono e senhor do mercado.
A Nintendo, pela primeira
vez na sua história se viu ameaçada. Apesar de ter 90% do mercado com o
Nes, estava perdendo terreno para o novo mercado de 16 Bits que a Sega
iniciou. A Nintendo precisava de um sucessor para o seu aclamado console
de 8 Bits, para enfrentar a nova ameaça do console negro.
E surge o sucessor
Masayuki Uemura (esse
aí do lado com cara de nerds), o mesmo homem por trás do
desenvolvimento do Famicom anos atrás, foi chamado para encabeçar a
equipe que deveria desenvolver o videogame da próxima geração. E assim,
no final de 1990, seria lançado no Japão o Super Famicom, que
logo se tornou um sucesso. O console, por ser quase 2 anos mais novo que
o concorrente, possuía gráficos e feitos audiovisuais bem mais
sofisticados que o rival. Ele conseguia colocar até 256 cores
simultaneamente na tela, de uma paleta de mais de 32.000 cores;
movimentava sprites com efeitos de rotação, zoom e transparência; seu
controle, apesar de não ser tão anatômico (parecia um osso) como o do
Mega Drive, tinha 8 botões. Mas o poderoso videogame tinha um calcanhar
de aquiles: o seu processador era muito lento, que rodava a apenas 3,57
MHz. Perdia de feio para o Mega Drive, que rodava a 7,67 MHz. Pode
parecer pouca coisa, mas isso faria a diferença para o tipo de jogos
lançado para cada console. O Super Famicom rodaria os RPGs (o gênero preferido dos japoneses, por isso o grande sucesso no Japão) com maior facilidade, pois são jogos "lentos"
que não necessitavam tanto do processador. Já o Mega Drive se daria bem
com jogos de esporte e plataforma. E assim, com o monopólio das
melhores softhouses fazendo jogos exclusivos para o seu poderoso
videogame (coisa que acontecia desde a época do Famicom), o Super
Famicom rapidamente foi um sucesso estrondoso no Japão.
o modelo japonês e o modelo americano
Mas a Nintendo cometeu um
erro estratégico, e demorou a lançar o videogame no mercado americano.
Apenas no final de 1991 é que o então Super Nintendo Entertainment System
chegaria � s lojas americanas, com um novo visual lembrando uma caixa
de sapatos (é, a Nintendo nunca foi muito boa com o design de seus
consoles) e na cor branca, seguindo o padrão do antecessor. Foi
inicialmente vendido por US$ 200 e vinha acompanhado do jogo Super Mario World.
Na Europa foi lançado algumas semanas depois e aqui na América do Sul
só importando, hehe (só em 1993 ele viria para o Brasil pela
Playtronic).
Porém, o domínio da
Nintendo no mercado japonês não se repetiu nos mercados americano e
europeu. Com a demora do lançamento do seu Super Nintendo, deu tempo de
sobra para a Sega consolidar firmemente o Mega Drive/Genesis na Europa e
EUA, com preços atrativos do console e games e uma agressiva campanha
de marketing nos EUA. O Super Nintendo vendeu bem, mas como a Nintendo
dominava o mercado de 8 Bits com o Nes, agora era a Sega que dominava o
mercado de 16 Bits.
Foi então que a Nintendo levou o golpe mais duro da Sega, na forma de um ouriço azul: Sonic The Hedgehoc.
Sega joga pesado e coloca o carismático personagem para competir com o
Super Nintendo. E não é que o ouriço deu um cacete no Snes e no velho
Mário? A Sonic-mania espalhou-se pelo mundo com o jogo de ação supremo,
ajudando a Sega a continuar a vender seu 16 Bits com uma larga vantagem.
Daquele jeito, nem com 500 Super Marios o Super Nintendo podia chegar
perto.
Sonic chega para abalar o império da Nintendo
E a Nintendo teve que
engolir um segundo lugar, mas ela não ia deixar barato, jamais
entregaria assim a liderança do mercado americano e europeu. A
rivalidade entre as duas empresas cresceu como nunca, e Nintendo e Sega
produziram o que é provavelmente a mais notória guerra de consoles da
história. Gamers se dividiam entre uma ou outra (os fãs mais fanáticos,
os mais espertos tinham os dois consoles). A guerra acabou indo parar
nas mãos dos games, tanto uma quanto outra lançavam games cada vez
melhores. Até que, um certo dia, a Nintendo viu uma luz no fim do túnel…
E chegam os lutadores de rua
Em 1992 veio a salvação do Super Nintendo graças � Capcom, que lançaria para o console o seu já consagrado game de arcade Street Fighter II, em uma conversão mais do que perfeita para o console da Nintendo.
Finalmente o Super
Nintendo começou a decolar no ocidente, no Japão ele já dominava o
mercado, agora faltava o resto do mundo. Mas a Sega estava preparada e
contra-atacou com excelentes jogos para o Mega Drive, como Sonic 2 e
Streets of Rage 2, além de que Street Fighter 2 sairia para Mega Drive
um tempo depois.
A Nintendo ainda tinha
que engolir o segundo lugar, mas desta vez estava mais próxima. A Sega
possuía 56% do mercado contra 44% da Nintendo. O mercado estava
completamente dividido entre as duas empresas e a guerra tinha chegado
ao seu ápice. Foi então que surgiu, em 1994, a arma secreta da Nintendo
que a colocaria novamente ao topo. Um personagem já esquecido seria
ressuscitado e faria que o Super Nintendo assumisse a liderança do
mercado dos 16 Bits…
A volta do Kong
Em 1981, Shigeru Miyamoto cria o jogo para arcade Donkey Kong
(algo como "Gorila Burro") e que rapidamente vira um grande sucesso
comercial. O jogador, um carpinteiro nanico, devia salvar a namorada que
havia sido raptada pelo raivoso gorila. O carpinteiro ganha o nome de
Mario, e tempos depois viria a estrelar seu próprio game, o pouco famoso
Mario Bros.
Um fato curioso, em 1982 a Nintendo seria processado pela Universal Studios por plágio do seu filme King Kong.
Porém a Universal caiu do cavalo pois não sabia ela que King Kong já
havia entrado em domínio público, ou seja, não possuía mais direitos
autorais. Pagou um senhor mico, ou devo dizer um senhor Kong? E pra
sorte da Nintendo, pois está na cara que o game é chupadaço de King
Kong, ehehe
Em 1991 a empresa Rare lança para o nintendinho o game Battletoads,
game com sapos guerreiros anabolisados, que rapidamente virou um grande
sucesso. O jogo seria relançado para o Super Nintendo em 1993, com o
nome de Battletoads in Battlemaniacs. Depois disso a empresa tomou chá de sumiço. Durante esse tempo ela estava investindo em estações gráficas da Silicon Graphic, permitindo a ela a criação de uma nova tecnologia, a ACM
(Advanced Computer Modeling). Essa nova tecnologia permitiu o
desenvolvimento de gráficos de qualidade incrível para o Super Nintendo.
A Big N, impressionada com os resultados, propôs que a Rare escolhesse
um personagem da empresa para a criação de um game usando a nova
tecnologia. O escolhido foi Donkey Kong.
Em 1994 a Rare iria surpreender o mundo ao lançar Donkey Kong Country para
o Super Nintendo. O jogo era revolucionário, mostrava gráficos que até
então jogo nenhum havia conseguido reproduzir em 16 Bits: gráficos
pré-renderizados 3D em um console 2D. O jogo foi o maior sucesso, as
vendas do Super Nintendo dispararam, e finalmente a Nintendo consegue
recuperar seu primeiro lugar no mercado de 16 Bits. Mais dois jogos do
DK foram lançados para o Super Nintendo, mas não chegaram a impressionar
tanto como o primeiro, afinal já estávamos entrando na era dos 32 Bits.
Aliado a isso e ao fato
de em 1995 o presidente da Sega ter decidido parar com a produção e
suporte ao Mega Drive, para se dedicar exclusivamente ao Saturn (que apanhou feio do Playstation) e a demissão do chefão da Sega of America, Tom Kalinske
(grande estrategista e o principal responsável pelo sucesso da Sega nos
EUA), não ficou difícil para a Nintendo dominar rapidamente o mercado,
transformando o Super Nintendo o 16 Bits mais vendido na história. O
Super Nintendo teve sua produção encerrada somente em 2000, e no Japão
parece que ele ainda durou um pouco mais.
Só por curiosidade… a parceria entre a Rare e a Nintendo terminou no fim de 2002, quando a Rare se bandeou pro lado da Microsoft
(dizem que Bill Gates desembolsou U$377 milhões de verdinhas para
adquirir a empresa) e agora irá produzir games exclusivos para o XBox.
Mas apesar disso, ela continuará a desenvolver games para as plataformas
da Nintendo.
Playstation da Nintendo?
Com o lançamento do Sega CD
para o Mega Drive a Nintendo rapidamente tomou medidas para lançar um
leitor de CDs para o Super Nintendo. Para tal propósito ela firmou um
contrato com a Sony para a criação do aparato para o seu 16 Bits. Chamado na época de Super Disc, que rodaria jogos em cartucho do Super Nintendo e jogos em CD, assim como o Mega Drive e Sega CD.
Porém
durante o projeto houve discordâncias entre as empresas. A Sony queria
uma porcentagem das vendas do aparelho e games, que agora fora renomeado
de PlayStation, que a Nintendo não aceitou . Sony então anuncia
que havia conseguido os direitos de distribuição do novo aparelho. A
Nintendo não gostou nada da notícia (a Big N é famosa por querer ter o
controle de tudo) e no dia seguinte do anúncio da Sony, a Nintendo foi a
público fazer o seu próprio anúncio, mas ao invés de firmar o pacto com
a Sony como todos esperavam, disse que estava criando um leitor de CDs
para o Super Nintendo com a Phillips. A Sony não gostou e as duas
cortaram relações de vez, porém a Sony continuou o seu projeto do
Playstation, que foi lançado em 1994, totalmente remodelado e sem nenhum
laço com a Nintendo. A Nintendo tentou medidas judiciais para impedir o
lançamento e a fabricação, mas perdeu em várias instâncias nos Estados
Unidos e Japão.
Ironicamente, o
Playstation dominou o mercado, que antes pertencia � Sega e a Nintendo,
tornando-se o videogame mais vendido da história (mais de 100 milhões
de consoles vendidos). Essa a Nintendo teve que engolir no seco, deve
estar entalado na garganta até hoje.
E o acordo entre a Nintendo e a Phillips também não deu em nada, ou melhor, resultou sim, no CD-i,
um aparelho interativo que não agradou muito, mas que foi lançado
apenas pela Phillips, que ganhou também o direito de lançar alguns games
da Nintendo para o console.
Mario? Que Mario?
Esse
é um Mario que todo mundo deve conhecer. Como já dito, a primeira
aparição de Mario se deu no arcade do Donkey Kong, criado em 1981. Mario
possui o visual de hoje graças a fraca tecnologia de 1981:
Chapéu: Não haviam
pixels suficientes para representar os movimentos dos cabelos enquanto
Mario pulava, então Miyamoto deu a Mario um chapéu para cobrir os
cabelos.
Bigode: De novo,
devido � quantia limitada de pixels loteada pelo personagem, Mario tem
um grande nariz e um bigode porque Miyamoto queria que as pessoas
notassem que Mario tinha um nariz.
Macacões: Para se
ver os movimentos dos braço do Mario, seus braços precisavam ser de uma
cor diferente de seu corpo. Miyamoto deu a Mario macacões vermelhos para
resolver este problema. Mario tinha a camisa azul e macacões vermelhos
para Donkey Kong e Donkey Kong Jr. As cores foram trocadas para camisa
vermelha e macacões azuis quando Mario Bros. estourou nos arcades.
Quando Super Mario Bros.
foi lançado para o Nintendo Entertainment System, Mario tinha seus
macacões vermelhos originais, mas sua camisa era de uma cor castanha. Em
Super Mario Bros. 2, Mario voltou a usar seu conjunto secundário de
camisa vermelha e macacões azuis, e esse esquema de cores não se alterou
desde então.
Mas o estrelato mesmo só viria em 1985, com o lançamento de Super Mario Bros., um dos primeiros jogos de plataforma do tipo side-scrolling. O
sucesso foi tanto que o game foi responsável pelo sucesso de vendas
do console Nes. Super Mario Bros. é um dos jogos mais vendidos de toda a
história dos videogames, nem mesmo suas continuações venderam tanto
quanto ele (teve ainda duas continuações no Nes). Sem falar que foi o
grande sucesso do designer de jogos japonês Shigeru Miyamoto, o principal responsável pelo sucesso da Nintendo.
Mas o que levou Super
Mario Bros. e suas continuações a terem todo esse sucesso? A fórmula não
poderia ser mais simples: um jogo simples, mas extremamente divertido e
viciante. E Super Mario Bros. foi lançado no momento certo. No ano de
1985, o mundo gamístico voltava a ter forças depois do crash de 84. As
pessoas se surpreenderam com o novo estilo de jogo, antes acostumadas
com games com tela fixa do Atari, mas agora Mario formatava um novo
estilo, uma nova mecânica de jogo, a chamada ação de plataformas,
popular até hoje mesmo com os jogos em 3D. A tela "rolava" (ou como os
americanos dizem, side-scrolling), revelando um grande mapa, com
elementos de exploração e inúmeros segredos que se escondiam em blocos
ou passagens secretas dentro dos famosos canos. A variedade de cenários
era gigantesca se comparada aos velhos jogos de Atari e similares, com
mapas que tinham passagens para fases nos céus, em oceanos em ambientes
subterrâneos, com uma grande variedade de inimigos e chefes no final de
cada fase.
Além do protagonista, outros personagens da série acabaram ganhando o estrelato, como é o caso do Bowser e a princesa Peach, e claro, o seu irmão Luigi. Outros amigos e inimigos foram surgindo, alguns ganhando nome e jogos próprios, como é o caso do dinossauro Yoshi e do rival Wario.
Não é a toa que Super Mario Bros.
do nintendinho 8 Bits é o título mais vendido de toda a história dos
games, com 40 milhões de cópias vendidas no mundo todo e reconhecido
pelo livro dos recordes Guinness. Durantes os seus 20 anos de estrada,
inúmeros games foram lançados, e a franquia de Mario já chegou a vender
mais de 180 milhões de unidades no mundo todo.
Mas para alguém que já rivalizou a popularidade de Mickey Mouse,
Mario acabou encontrando um rival a sua altura, uma pedra no seu
sapato que o incomodou por algum tempo, na forma de um ouriço azul. Sonic,
o carismático e veloz mascote da Sega, realmente incomodou bastante a
vida de Mario durante a era dos 16 Bits, e mesmo o game Super Mario
World do Super Nintendo ser uma das mais notáveis aventuras do bigodudo
já feitas até então, ele passou por momentos difíceis com o ouriço azul
correndo por aí. Mas isso é história para uma outra matéria, mesmo
porque hoje em dia o famoso ouriço corre também nas plataformas
Nintendo, tendo achado no GBA o lugar perfeito para as suas aventuras em
2D.
E no Brasil?
No Brasil a Nintendo seria representada pela Playtronic Industrial Ltda somente no final de 1993, entre uma fusão das empresas Gradiente e Estrela. A Sega já dominava o mercado brasileiro graças � competência e excelente suporte da Tec Toy
(que até hoje existe e ainda fabrica os videogames, mesmo sem o suporte
da Sega). Apesar da Playtronic não conseguir o mesmo êxito que a Tec
Toy alcançou (a Platronic durou apenas alguns anos, e a Nintendo vendo
que a Sega já não era mais uma ameaça e como o Playstation não tem
representante oficial aqui, largou a empresa � deriva que fechou as
portas) ela chegou a lançar os consoles e games Nintendo por aqui. A
principal vantagem disso era que tanto ela, como a Tec Toy abaixam os
preços dos seus produtos, e quem saía ganhando era o consumidor. Sem
dizer das propagandas, dos jogos que eram lançados simultaneamente com
os EUA e tranqueiras oficiais que chegavam aqui. É, o Brasil já teve o
gostinho de experimentar esse concorrido mercado de games do jeito que
ele é nos EUA e outros países (bom, não exatamente do mesmo jeito, mas pelo menos uma parte dele).
A Playtronic tinha uma
forte adversária na Tec Toy (que tinha 75% do mercado brasileiro com os
seus consoles), que fazia uma fortíssima campanha de marketing em volta
dos seus carro-chefes, o Master System e o Mega Drive, lançando jogos em
português e jogos modificados para atender ao público brasileiro, como Chapolin e a Turma da Mônica.
Isso obrigou a Playtronic a investir também em seu marketing com
diversas propagandas em revistas e jornais, e até uma reportagem no
Fantástico sobre a sua chegada.
Entretanto o Nes 8 Bits
não fez muito sucesso por aqui, primeiro por causa da demora da sua
entrada no mercado brasileiro e segundo por que aqui já existia anos
antes clones piratas do console, como o famoso Phantom System (por ironia, da própria Gradiente), o Hit Top Game (eu tinha um desses), o Dynavision,
entre muitos outros. É claro que a Nintendo não deu nenhuma licença
para todo esses consoles, ou seja, era tudo pirataria, mas que ajudou a
popularizar o nintendinho 8 Bits.
Em 1996, por algum motivo desconhecido, a Estrela abandonou a empresa, que passou a se chamar então de Gradiente Entertainment Ltda
(o que deixou os produtos Nintendo bem mais caros no mercado) e tempos
depois, no início de 2003, a própria Gradiente em declaração oficial,
disse que deixaria de fabricar e comercializar a linha de videogames,
encerrando a parceria com a Nintendo no Brasil.
mega drive? não, Phantom System
E no fim das contas
Ok, estamos quase chegando ao final dessa retrospectiva e eu gostaria de dizer para os fãs mais fanáticos da Sega e Nintendo não
virem me aporrinhar, dizendo que esta matéria está toda errada, que um
ou outro videogame é o melhor do mundo e blá, blá, blá. Tudo que foi
aqui escrito teve um trabalho minucioso de pesquisa em sites brasileiros
e estrangeiros, além das minhas próprias memórias, para trazer a vocês
fatos interessantes da história desse inesquecível videogame da melhor
maneira possível. Quem quiser pode assistir a esse documentário da BBC, Inside Nintendo, que mostra muita coisa que foi dito aqui.
O surgimento do Super
Nintendo foi responsável pela mais notória e histórica guerra dos
videogames, com as duas empresas, Sega e Nintendo, fazendo de tudo para
agradar aos consumidores, que ganhavam cada vez mais jogos melhores e
melhores. No final das contas foi uma guerra "saudável" e quem venceu?
Considerando que o Snes virou o jogo no segundo tempo (mas isso não
apaga os milhões de Mega Drive vendidos até então) ele não fez feio.
Quem realmente ganhou mesmo foi o público consumidor. Quem viveu naquela
época jamais vai esquecer os comerciais, as capas de revistas com as
mascotes das empresas, entre outras coisas.
O Super Nintendo fez
história no mundo e conquistou uma legião de fãs em toda parte,
inclusive aqui no Brasil. Muitos consideram o console como o melhor já
feito pela empresa, com a melhor lista de jogos que nenhum de seus
sucessores conseguiu superar. O 16 Bits mais vendido na história, com
aproximadamente 45 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. A
Nintendo, que já dominou o mercado, hoje encontra-se disputando o 2º
lugar com a Microsoft (e a Nintendo corre sérios riscos de perder) e a Sony reina absoluta no primeiro lugar. Depois de tropeços com o N64 (a Big N também erra) e a tentativa do Game Cube (que perdeu pro PS2), ainda resta a esperança do seu novo videogame Revolution. Mas independente do resultado disso, o Super Nintendo será sempre lembrado pelos seus fãs como o melhor videogame da história.